Depois de Ravalomanana, militares viram “canos” para Rajoelina

Tentativa de golpe de Estado em Madagáscar O anúncio do golpe ocorreu numa altura em que os malgaxes votavam num referendo que iria acomodar Rajoelina na presidência da maior ilha do oceano Índico.

A história de golpes de estado em Madagáscar parece estar longe do fim. Nesta quarta-feira, um grupo de oficiais militares de alto escalão declarou a tomada do poder no país e a suspensão das instituições governamentais. No entanto, a liderança militar do país leal ao actual presidente, Andry Rajoelina, prometeu esmagar qualquer possível rebelião.
Momento propício
O anúncio do golpe ocorreu numa altura em que os malgaxes votavam num referendo. O novo texto constitucional, proposto por Rajoelina, permitiria ao presidente em exercício permanecer no poder até que se organizasse uma nova eleição. Esta proposta prevê ainda a redução de idade limite dos 40 anos para os 35 anos para candidatos à Presidência, permitindo que o actual líder, de 36 anos, permaneça no poder.
Oponentes de Rajoelina organizaram uma série de protestos de maneira a inviabilizar a votação, chegando mesmo a apelar ao boicote. Os mesmos acusaram Rajoelina de não cumprir os acordos de Maputo e Adis Abeba.
Para agravar a situação, já antes, em Agosto passado, um tribunal estabelecido por Rajoelina julgou o presidente deposto Marc Ravalomanana à revelia, tendo o condenado à prisão perpétua e a serviços forçados, alegadamente por conspiração e assassinato. Por estes factos, parte dos militares que apoiava Rajoelina, decidiu agir. E o líder dos rebeldes explica por que o grupo de militares amotinou-se. “Aqui, há a tomada de poder por um conselho militar, porque em 18 meses a situação política ainda não foi resolvida”, declarou o coronel Charles Andrianasoavina.
Golpe ou tentativa?
O coronel rebelde Charles Andrianasoavina declarou à emissora TV France 24 que o seu grupo planeava tomar o palácio presidencial e fechar o aeroporto internacional, nos arredores da capital.
Em reportagem no site Orange Madagáscar, o presidente Rajoelina negou ter deixado o poder, alegando ter sido apenas ameaçado por militares. “Eu, pessoalmente, recebi ameaças de morte. Coronéis que eu não conheço disseram que me matariam se eu não renunciasse. Eu não renunciarei, não tenho medo. Tenho fé”, disse Rajoelina, em entrevista à Orange Madagáscar.

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