ARMANDO GUEBUZA: 68 anos revivendo memórias

O PRESIDENTE da República, Armando Guebuza, comemorou ontem, quinta-feira, o seu 68º aniversário natalício, revivendo os momentos inolvidáveis registados na memória do tempo.Maputo, Sexta-Feira, 21 de Janeiro de 2011:: Notícias



Para assinalar a ocasião, está nas prateleiras das livrarias em Maputo a obra intitulada “Armando Guebuza, Um pouco de si”, do género fotobiografia, da chancela da Imprensa Universitária, que retrata cronologicamente os vários momentos de vivência do actual estadista moçambicano desde a sua infância.



A fotobiografia quase sempre tem por objecto figuras que foram marcantes na sua época ou atingiram o brilho da intemporalidade nas artes, na ciência e na vida pública. A sua característica diferencial é o facto de a narração ser feita pela imagem, reservando-se para o texto a função de interpretar, clarificar, contextualizar a imagem.



No livro, com 152 páginas, Armando Guebuza protagoniza um percurso pessoal notável a muitos títulos. A história que ele conta na longa entrevista que serve de fio condutor a uma boa parte das páginas é comum ou em muito se assemelha a história de muitos homens e mulheres da sua geração.



Aliás, essa geração é a geração que se levantou contra as desigualdades e injustiças que vitimavam os moçambicanos e integrou, em qualquer das suas múltiplas frentes, a luta vitoriosa contra o colonialismo português.



A fotobiografia do “neófito” Guebuza proporciona uma leitura do mais elevado interesse e, sem a menor sombra de dúvida, um importante acervo informativo sobre a fase que imediatamente precede o surgimento das formas organizadas de resistência, sobre o movimento de libertação e sobre os primeiros anos da independência.



Na obra é também possível revisitar a então cidade de Lourenço Marques desde a primeira metade do século XX e acompanhar até aos anos 60 a sua estratificação sócio-racial, o exercício da sobrevivência nem por isso menos dramático dos moçambicanos que viviam na zona de contacto, os espaços de socialização no mundo dos subúrbios, a conquista da escola, o despertar da consciência nacional.



Um outro assunto retratado no livro, embora sem a extensão e profundidade que o assunto justificaria, é o movimento de fuga dos estudantes do Núcleo Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM) para Dar-es-Salaam no início dos anos 60.


A fotobiografia segue Guebuza pelo Período de Transição para a Independência e pelas suas diversas funções governativas a partir de 1975. Excertos de documentos oficiais, artigos de imprensa, entrevistas, intervenções públicas e, novidade bem-vinda, poemas do próprio Guebuza e outros autores.



A VEIA POÉTICA




Maputo, Sexta-Feira, 21 de Janeiro de 2011:: Notícias

Na obra, destacam-se poemas como Forjando os dias futuros, da autoria de Armando Guebuza que em quatro estrofes o poeta e Chefe de Estado registou em papel os seguintes versos: “Estes dias são de certeza do dia alegre; Estes tempos são de combate à podridão; Estes tempos são rebeldia ao chicote; Estes tempos são de luta armada”.



Neste efémero mas nutrido poema de Guebuza espelha-se nitidamente o pensamento que norteia, nos dias de hoje, o desafio que ele abraçou quando decidiu concorrer para o mais alto cargo da nação e vai disseminando, como que profeticamente, a “poesia de combate” sobre os bons dias que virão.



O último verso “Estes tempos são de luta armada” aceita uma transposição para os tempos de hoje e encaixaria muito bem na mecânica do discurso político de Armando Guebuza que seria o mesmo que afirmar “Estes tempos são de luta contra a pobreza”.



A BIOGRAFIA DO PR



Maputo, Sexta-Feira, 21 de Janeiro de 2011:: Notícias

ARMANDO Emílio Guebuza, nasceu a 20 de Janeiro de 1943, em Murrupula, Província de Nampula onde, seu pai, Miguel Guebuza, exercia a função de enfermeiro e sua mãe, Marta Bocota Guebuza, doméstica.



Em 1948, seu pai é transferido para Lourenço Marques, nome como era chamada a Cidade de Maputo no período colonial. Aqui, aos seis anos, Armando Guebuza inicia os seus estudos em Xipamanine, no Centro Associativo dos Negros da Colónia de Moçambique.



Frequenta, igualmente, a Igreja da Missão Suíça, onde é integrado nas Patrulhas (Mintlawa), que para além das actividades religiosas, desenvolviam outras que exigiam a participação de todos, irmanados no espírito de sacrifício, ajuda mútua e promoção de uma visão comum.



No ensino secundário, junta-se a outros jovens, membros do Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM), e que era conhecido por “Núcleo”, uma organização cívica fundada por Eduardo Mondlane em 1949. O Núcleo tinha como actividades principais, a realização de aulas de compensação, educação cívica e cultural e, de uma forma discreta, a mobilização política.



Após a saída do Presidente do Núcleo, Joaquim Alberto Chissano, para Portugal, onde ia prosseguir os seus estudos, foram sucessivamente eleitos dois companheiros para direcção daquela organização estudantil. Em 1963, Armando Guebuza é eleito Presidente do Núcleo. A sua escolha correspondeu à expectativa, tornando o Núcleo um centro de atracção e de referência para muitos jovens e adolescentes de então. Em 1963, Armando Guebuza junta-se à rede clandestina da FRELIMO, na então Cidade de Lourenço Marques.



A sua experiência na direcção do Núcleo, a sua qualidade de monitor e o seu carisma concorreram para promover e desenvolver o trabalho clandestino no meio estudantil.



Em Março de 1964, Armando Guebuza e outros colegas, decidem abandonar Moçambique para se juntarem à FRELIMO. Para escapar ao controlo da PIDE, a tenebrosa polícia secreta do regime colonial, tiveram que abandonar o comboio em Mapai para fazer o restante percurso até à fronteira de Chicualacuala, a pé, enfrentando o cansaço, a fome e a sede. Uma vez do outro lado da fronteira rodesiana, ainda exaustos, com fome e sede, caminharam mais 30 Kms antes de retomarem ao comboio.



Depois de Salisbúria, hoje Harare, o grupo que integrava Armando Guebuza já na companhia de outros dois moçambicanos, que a eles se juntaram no comboio a caminho de Salisbúria, retomam a viagem para a Zâmbia. No comboio, são presos pela polícia rodesiana, quando se preparavam para abandonar aquele país, e encarcerados em Victoria Falls. Armando Guebuza e os seus colegas são entregues à PIDE e durante aproximadamente cinco meses são torturados para se lhes extrair confissões.



Entretanto, por alturas da sua libertação são presos os guerrilheiros da Quarta Região que se preparavam para abrir a Frente Sul. Apesar de estarem em liberdade vigiada, Armando Guebuza e os seus camaradas decidem vingar-se da acção da PIDE e reafirmar com actos de coragem que a FRELIMO estava activa. Na noite de 24 e 25 de Dezembro de 1964, espalham panfletos, na região Sul de Moçambique, que continham a fotografia do Presidente Eduardo Mondlane. Esta situação forçou a PIDE a divulgar, um comunicado com a lista dos guerrilheiros detidos dando detalhes de cada um deles. Não obstante as intimidações e chantagens da PIDE, retomam o sonho de se juntarem à FRELIMO. Permanecem alguns meses na Suazilândia, como refugiados. Mais tarde, conseguem atravessar a África do Sul e, na Bechuanalândia, um protectorado Britânico, são novamente detidos e ameaçados com a deportação pelas autoridades britânicas. Graças à intervenção do Dr. Eduardo Mondlane, exigindo a sua incondicional libertação, o grupo é entregue ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e conduzido para a Zâmbia. Dali, mais tarde, o grupo segue para a Tanzânia, conduzido por Mariano Matsinha, então representante da FRELIMO na Zâmbia.



Na Tanzânia, Armando Guebuza é submetido aos treinos militares em Bagamoyo. Faz depois parte do grupo de combatentes que abriu o Campo de Preparação Político Militar de Nachingweya.



Em 1966, é transferido de Nachingweya para Dar-es-salam, para exercer as funções de Secretário Particular do Presidente Mondlane, em substituição de Joaquim Chissano que se preparava para ir à formação na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Nesta altura, Armando Guebuza, lecciona Cumulativamente no Instituto Moçambicano.



Mais tarde e ainda nesse mesmo ano de 1966 é nomeado Secretário para a Educação e Cultura.



Desde 1966, é membro do Comité Central da FRELIMO.



Em 1968, é nomeado Inspector das escolas da FRELIMO.



Em 1970 é nomeado Comissário Político Nacional.



No Governo de Transição Guebuza ocupa a pasta da Administração Interna. No primeiro Governo do Moçambique independente é nomeado Ministro do Interior.



Em 1974, Armando Emílio Guebuza, dirige na sua qualidade de Comissário Político, o processo de criação e implantação dos Grupos Dinamizadores.



Em 1977, o Comité Político Permanente da FRELIMO designa Armando Guebuza para dirigir a Comissão de reassentamento das populações vítimas das cheias na Província de Gaza. É em resultado desse esforço, e em colaboração com as autoridades e populações locais, que nascem as aldeias comunais erguidas nas partes altas do Vale do Limpopo, e hoje em franco progresso.



Em 1977, o Comissário Político Nacional, Armando Guebuza é nomeado Vice-Ministro da Defesa Nacional e em 1978 acumula estes cargos com o de Substituto Legal do Governador da Província de Cabo Delgado.



Em 1981, é designado Governador da Província de Sofala, e em 1983, é novamente, nomeado Ministro do Interior.



Em 1984, é nomeado Ministro na Presidência, responsável pela coordenação das áreas da Agricultura, Comércio, Indústria Ligeira e Turismo, assim como a cooperação com a China, Coreia do Norte, Paquistão e Vietname.



Em 1986, assume a pasta dos Transportes e Comunicações e da Presidência do Comité de Ministros dos Transportes e Comunicações da Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral.



Em 1990, é nomeado chefe da delegação do Governo às conversações de Roma que resultaram na assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992.



Em 1992, é designado Chefe da Delegação do Governo na Comissão de Supervisão e Implementação do Acordo Geral de Paz para Moçambique.



Armando Guebuza, Tenente-General na Reserva esteve também envolvido no processo de Paz do Burundi sob a égide do falecido Presidente da Tanzânia Julius Nyerere e, mais tarde, do antigo Presidente sul-africano, Nelson Mandela. Armando Guebuza foi responsável da Comissão sobre a natureza do conflito Burundês, problemas do genocídio e exclusão e suas soluções.



Em 2000 ele foi escolhido por consenso pelas partes em conflito no Burundi para presidir à Comissão sobre as Garantias para a Implementação do Acordo resultante das negociações de Paz.



Foi Chefe da bancada da FRELIMO desde o primeiro parlamento multipartidário saído das Eleições Gerais de 1994, até ao VIII Congresso da FRELIMO.



Em 2002, é eleito Secretário Geral da FRELIMO.



Em 2004, é eleito Presidente da República.



Em 2005 é eleito Presidente do Partido.



Armando Emílio Guebuza é casado com Maria da Luz Guebuza, é pai de 4 filhos e tem dois netos.

Cólera em Namialo: Desinformação leva à destruição de casas

SEIS residências pertencentes a igual número de secretários de bairros, em Triangulo e Namuatho, na sede do posto administratico de Namialo, distrito de Meconta, em Nampula, foram destruídas na noite da quarta-feira última em conexão com a eclosão da cólera na região.Maputo, Sexta-Feira, 21 de Janeiro de 2011:: Notícias



Durante a desordem, um grupo de populares saqueou os bens encontrados nas habitações vandalizadas, acusando aqueles responsáveis da autoridade local de estarem por detrás da propagação da cólçera, que já provocou a morte de quatro pessoas em Namialo

A Polícia da República de Moçambique em Namialo teve que disparar várias vezes para o ar, como forma de dispersar os atacantes, tendo detido dez pessoas do grupo para investigação e consequente apuramento de responsabilidades.
A nossa Reportagem soube das autoridades locais em Namialo, cerca de 100 quilómetros da cidade de Nampula, que o centro de saúde local, que constava da lista dos alvos a vandalizar, foi poupado, mas o guarda foi agredido pelos insurgentes.
Paulino Essiaca, substituto do chefe do posto administrativo de Namialo, deu a conhecer que a esposa e filho de um dos secretários, cujas casas foram destruídas, contraíram também ferimentos, em consequência das agressões.
A fonte admitiu que o surto de diarreia e vómitos que neste momento afecta aquela vila, resulta do consumo de àgua imprópria, pois para ele, as figuras das autoridades locais são “crucificadas” pelo facto de trabalharem em parceria com os activistas da Cruz Vermelha, na disseminação das mensagens de prevenção da cólera, bem como na distribuição de alguns produtos de desinfecção da àgua, como é o caso do cloro.
Apesar do medo que se apoderou dos secretários e régulos naquele ponto do país, o Governo local diz que não vai desistir da sua tarefa de divulgar a mensagem de prevenção.
Segundo apuramos, faz muito tempo que não chove, o que faz com que as populações recorram a poços tradicionais.

O problema de lixo, que é produzido em grandes quantidades, também é apontado como um outro agravante.
Namialo não dispõe de capacidade material e financeira para fazer face a este problema que se arrasta faz tempo. Dados disponíveis indicam que a facturação (impostos e outras taxas) do posto não ultrapassam os 60 mil meticais por mês, valor insuficientes para responder as necessidades existentes.