Ronaldo ou Messi: quem é o Di Stéfano do século XXI?

A pergunta é tão absurda como a do "gostas mais da mamã ou do papá?" Quique Flores iniciou o debate, Valdano respondeu sem demora. Amanhã, dois Stéfanos em Genebra, no Portugal-Argentina

Pelé ou Maradona? Eusébio tem a resposta na ponta da língua: Di Stéfano. "Ele jogava com todas as partes do corpo, aquilo é que era um jogador completo. E recuava, ia lá atrás, roubava a bola ao adversário e iniciava um ataque. Às vezes, até o concluía com um golo. Garanto-lhe: um fenómeno sem igual!"

É sábado, dia de Barcelona-Atlético Madrid. Os três golos de Messi são um pormenor. A jogada que o marca ocorre aos 51 minutos. Agüero pega na bola, passa o meio-campo do Atlético (uy, que raro!), corre, corre, corre e está quase a chegar à área do Barcelona, quando aparece um homem. Afinal, há aqui um equívoco. É um miúdo. É Messi, que rouba a bola ao compatriota com uma classe digna de um Beckenbauer e sai a jogar, depois de passar por Felipe Luis com mais um toque virtuoso. No final, há quem o endeuse. Como Quique Flores, treinador do Atlético Madrid. "Messi é o Di Stéfano do século XXI."

Um dia depois, domingo, há Real Madrid-Real Sociedad no cartaz da Liga espanhola. Cristiano Ronaldo marca mais dois golos mas isso é um pormenor. Um lance mágico, aos 19 minutos. Lançamento largo de Özil para a esquerda. De costas para a bola e marcado em cima por Estrada, não se espera grande coisa de Ronaldo. A jogada está perdida. Mas Ronaldo inventa a espaldinha, um toque com as costas em que a bola passa por cima do adversário. A habilidade de CR7 faz com que o Bernabéu venha abaixo com aplausos e interjeições do tipo "Ooooooohhhhhhhh, coño, joder". No final, há quem o endeuse. "Cristiano é que é o Di Stéfano do século XXI", diz Valdano, o triplo D (desesperado director-desportivo) do Madrid, a quem Mourinho fechou a porta do balneário na cara numa tentativa (bem-sucedida) de o afastar da equipa.

Sem o que fazer, Valdano trabalha para reconquistar o seu lugar dentro do balneário, onde já actuou como jogador (1984-87) e treinador (94-96). E que trabalheira... Essa de eleger um português (Ronaldo), em detrimento de um paysano (Messi), para sucessor de um compatriota (Di Stéfano) é um pedido de socorro.

Mourinho não foi cá em cantigas, e até se atirou ao outro, que é Messi. "Ronaldo joga sempre com todas as forças, esgota-se em campo, mas tem um problema: a ele, que tem um bom corpo e é forte, os adversários metem-lhe o pé, derrubam-no. Não é como ao outro [Messi], a quem todos têm medo de meter o pé e ninguém lhe toca."
No meio desta troca de palavras, nada melhor que um momento chill out, na neutra Suíça. Amanhã, quarta-feira, é dia de Portugal-Argentina. Em Genebra, a cidade com nome de um gin inventado no século XVII. Aí ninguém discutia o Di Stéfano do próximo século. Deixemo-nos de histórias. Isto de eleger o Di Stéfano do século XXI é como aquela pergunta absurda do "gostas mais da mamã ou do papá?" Não há escolha possível. Os dois são Di Stéfano. Messi vai à defesa e recupera a bola junto de Agüero, como Di Stéfano. Ronaldo joga com todas as partes do corpo, incluindo as costas, como Di Stéfano. Brindamos a isso. Genebra!

 
Fonte:http://www.tim.co.mz/por/Noticias/Desporto/Ronaldo-ou-Messi-quem-e-o-Di-Stefano-do-seculo-XXI

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