"Samora Machel foi barbaramente assassinado pelo Apartheid"

Presidente da República não tem dúvidas


Samora foi o líder que foi porque respondeu ao chamamento da pátria, valorizando-se a si próprio e procurando, na auto-estima, a fonte de inspiração, de força, e a construção dum mundo melhor para si e para o seu povo

Intervindo no comício popular que ontem orientou em Xai-Xai, o Presidente da República, Armando Guebuza, afirmou numa passagem do seu discurso que “Samora Machel foi barbaramente assassinado pelo regime do Apartheid, nas colinas de Mbuzini, em território sul-africano”. Na verdade, não se trata de uma tese nova. No entanto, não deixa de ser curioso o Presidente da República continuar a reiterar e tomar esta tese como uma verdade acabada, na medida em que o mesmo encarregou o procurador-geral da República, Augusto Paulino, de dar continuidade às investigações sobre as reais causas que ditaram a morte de Machel, a 19 de Outubro de 1986. Ou seja, se é um facto que Samora foi morto pelo Apartheid, não faz sentido mandar investigar, sendo, sim, necessário que o Estado moçambicano desencadeie mecanismos legais e diplomáticos junto do governo sul-africano ou das Nações Unidas com vista a prender, julgar e punir severamente os responsáveis por este acto hediondo.

Refira-se que, logo após a morte de Samora Machel, Armando Guebuza foi a pessoa que chefiou a comissão de inquérito sobre as causas do despenhamento do Tupolev que acabou vitimando Machel e sua delegação. E os resultados desta comissão nunca foram de domínio público.



"Samora não seguiu o pré-destino"

No entanto, não deixa de ser verdade que o discurso lido por Armando Guebuza, ontem, tenha sido um dos mais bem elaborados e, por isso, mais emocionantes. Guebuza falou de um Machel que se recusou a que a sua biografia seguisse o curso que lhe fora pré-destinado, na medida em que, se tal tivesse acontecido, “ele teria nascido, vivido e morrido sem registo para posteridade, senão, talvez, na memória dos seus entes queridos, amigos (...) tudo estava traçado para frustrar o seu avanço. Todavia, Samora Machel contrariou, já naquela época, o roteiro que a implacabilidade da opressão e humilhação colonial impunham a todo o jovem africano com ambição. Pela sua tenacidade e sentido de propósito, desafiou não só o sistema de administração estrangeira, como também, e acima de tudo, o destino. Formando-se, ele, afirmou, da forma mais enfática possível, que ele não seria vítima do destino, mas, sim, dono da sua própria biografia, obreiro da sua trajectória de vida e narrador principal da sua história de vida”, disse Guebuza.

Numa nota de fecho, Guebuza disse que “Samora foi o líder que foi porque não deixou o seu talento e o seu potencial morrerem nas mãos da adversidade colonial; porque não deixou que as circunstâncias fossem donas do seu destino; porque respondeu ao chamamento da pátria, valorizando-se a si próprio e procurando, na auto-estima, a fonte de inspiração e de força, e a construção dum mundo melhor para si e para o seu povo”.
Fonte:http://www.opais.co.mz/index.php/politica/63-politica/12134-qsamora-machel-foi-barbaramente-assassinado-pelo-apartheidq.html

O “Dia da Ira” popular chega ao Iémen

Crise no mundo árabe

Pelo menos 20 mil manifestantes da oposição iemenita iniciaram, ontem, protestos contra o regime do presidente Ali Abdullah Saleh diante da Universidade de Sanaa, segundo a agência EFE. Os manifestantes gritam palavras de ordem contra a corrupção e instam à revolução, no começo de uma jornada denominada “Dia da Ira”. Os manifestantes não acreditam no discurso do presidente iemenita, no qual se comprometeu a congelar as reformas constitucionais que pretendia efectuar para não limitar o número de mandatos presidenciais. Em mensagem ao Parlamento, o líder iemenita tinha dito “não à extensão do mandato e à herança”. E ainda esta semana, o presidente, num jogo estratégico, convidou a oposição a participar no Governo de Unidade Nacional. Todavia, os manifestantes rejeitaram estas promessas com palavras de ordem como “revolução, revolução”, “discursos falsos” e “promessas falsas”. Dezenas de milhares de manifestantes organizaram outras concentrações, em distintas províncias do país, como já ocorrera na quinta-feira passada. O partido governante, por sua vez, enviou milhares de seguidores à praça Tahrir (Libertação), no centro da capital, para expressar apoio ao presidente e ao governo iemenitas. A praça seria palco da manifestação convocada pela oposição há dois dias, mas como os simpatizantes do governo ocuparam o lugar, na quarta-feira, os grupos opositores decidiram realizar o “Dia da Ira” no campus da Universidade de Sanaa.

No Egipto

Manifestantes anti-governo disseram estar, agora, mais determinados do que nunca em derrubar o presidente Hosni Mubarak, depois dos simpatizantes do regime terem invadido a praça Tahrir, desencadeando violência que resultou na morte de cinco pessoas e ferimentos de outras dezenas. Milhares de pessoas continuam reunidas na Praça Tahrir, depois que os manifestantes anti-regime resistiram e consolidaram o controlo do local. “Duma ou doutra maneira iremos derrubar Mubarak”, gritavam alguns manifestantes depois de se “degladiarem” com os discípulos do ditador. “Não vamos desistir”, gritavam os outros revoltados com a traição por parte de alguns populares. “O que aconteceu, ontem (quarta-feira), deu-nos maior determinação em derrubar o presidente Mubarak”, disse um porta-voz dos manifestantes.


Na Argélia
O governo da Argélia alertou, ontem, aos organizadores de um enorme protesto, previsto para ocorrer na capital Argel no próximo dia 12, que poderão ser responsabilizados se a marcha tornar-se um evento violento.